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Publicado em: 06 Fevereiro 2019

As novas formas de trabalhar

Artigo de opinião de Maria João Machado, coordenadora da Licenciatura em Solicitadoria da ESTG, escola de Tecnologia e Gestão do P.PORTO

Segundo um relatório de 2015 da Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (disponível aqui), os desenvolvimentos sociais, económicos e tecnológicos a que assistimos neste século resultaram na emergência de novas formas de emprego em toda a Europa. Essas novas modalidades, para além de terem transformado a relação tradicional de um para um que existia entre empregadores e trabalhadores, caracterizam-se por padrões e locais de trabalho pouco convencionais ou pela irregularidade desse trabalho.

O mesmo estudo identificava nove novos padrões de emprego — trabalho em colaboração, partilha de trabalhador, partilha de emprego, gestão interina, trabalho ocasional, trabalho móvel com recurso a TIC, trabalho por cheque-serviço, trabalho por carteira e externalização de trabalho em linha (crowd employment) — que podem ser agrupados em quatro modelos: trabalho temporário, parcial, independente e prestado em plataformas digitais. Cada uma destas categorias pode apresentar índices maiores ou menores de precariedade.

Ao mesmo tempo, a partir dos EUA cresce o modelo de economia gig (a designação recupera o que se chamava à prática dos músicos de jazz que nos anos 20 saltavam de bar em bar nas ruas de Chicago à procura de trabalho) que, embora inicialmente, em 2007-2010, envolvesse especialmente quadros altamente qualificados, se estima atingirá, em 2020, 40% dos trabalhadores americanos (fonte).

São diversas as implicações destas novas formas de trabalhar, umas positivas para o trabalhador (flexibilidade, autonomia, enriquecimento do conteúdo do trabalho através da sua diversificação, oportunidade de trabalhar legalmente, melhor proteção social, melhor remuneração) e outras negativas (risco de intensificação do trabalho, níveis de stress e tempo de trabalho acrescidos, esbatimento das fronteiras entre a vida profissional e a vida privada, insegurança no emprego, maiores riscos em matéria de saúde e segurança, isolamento social e profissional, prejuízo para a progressão na carreira).

O sucesso destas novas formas de trabalhar pode estar no estabelecimento de um equilíbrio justo entre a proteção dos trabalhadores e o livre acesso a estas novas formas de emprego por parte dos empregadores e, aqui, o papel das associações profissionais ou de trabalhadores pode ser determinante, envolvendo, por exemplo, a criação e controlo de plataformas projetadas especificamente para promover o encontro entre os seus membros e os clientes empresas.

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