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Publicado em: 17 Abril 2023

Desafios e oportunidades no contexto da economia circular

Artigo de opinião de Wellington Alves, Diretor do Mestrado em Gestão de Projetos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico do Porto.

Coordenar de forma integrada as necessidades dos clientes e fornecedores através de uma cadeia de abastecimento é sem dúvida, um dos principais objetivos da das organizações.

Paralelamente, o conceito de sustentabilidade também tem como um dos objetivos atender as necessidades das gerações atuais sem comprometer as das gerações futuras.

Ambos os conceitos são complementares, pois visam atender as necessidades da sociedade atual e futura. Se por um lado, os sistemas produtivos transformam matéria-prima em bens e serviços para os consumidores, por outro, as atividades de produção, através da gestão e distribuição destes bens possibilitam o seu acesso por parte dos consumidores finais.

A busca por um equilíbrio entre a utilização dos recursos e a preservação destes para as próximas gerações tem criado alguma pressão em diversas organizações na procura deste equilíbrio, seja pela parte dos governos, ou mesmo dos novos “consumidores verdes”. Tendo em conta a possibilidade da crescente escassez e do esgotamento destes mesmos recursos, esta discussão tem favorecido o uso mais consciente dos recursos naturais pelas empresas.

Entretanto, no que refere aos sistemas logísticos, as questões e os avanços ligados ao conceito de sustentabilidade continuam a ser discretos por parte das organizações que atuam no sector. As atividades logísticas contribuem de forma significativa para as questões ambientais, basta pensarmos que estas englobam atividades que englobam desde o armazenamento e gestão de stocks até o transporte de produtos em diferentes contextos. Cada uma destas atividades consome recursos ou gera impacto direto no ambiente, como é o caso das emissões de CO2 geradas pelos transportes.

Se pensarmos nos transportes, este ramo da logística tem sido encarado como o novo “vilão” na direção da sustentabilidade. A globalização e o crescimento do e-commerce, por exemplo, têm impulsionado um grande incremento na movimentação e transporte de mercadorias por todo o globo, o que consecutivamente contribui para o aumento das emissões de gases do efeito estufa. Esta questão tem- se tornado um dos maiores desafios para a logística, ou seja, movimentar produtos em diferentes contextos com o menor impacto ambiental possível.

Com vista à superação destes desafios, ao longo dos últimos anos tem- se desenvolvido esforços e registados progressos na direção da sustentabilidade, principalmente nos projetos dos sistemas de produção, onde novos modelos e ferramentas para avaliação de impactos ambientais, socias e económicos tem crescido cada vez mais.

No que se refere à logística, os principais avanços estão relacionados com a aplicação do conceito da logística inversa, o que tem auxiliado as empresas a reduzirem o seu impacto ao encerrar o ciclo produtivo. A priorização de veículos novos, elétricos e mais eficientes, como também o desenvolvimento e aplicação de modelos de otimização de rotas são as mais recentes ações e contribuições da logística orientadas para a sustentabilidade.

Todas estas ações podem ainda ser consideradas como uma tímida contribuição das atividades logísticas para alcançar e promover a implementação do conceito de sustentabilidade. Entretanto, o reaparecimento dos conceitos de ecologia industrial agora largamente discutidos através da Economia Circular, traz à logística um leque de oportunidades para o crescimento do conceito de logística sustentável.

O conceito de economia circular prioriza, por exemplo os fluxos circulares de redução, reutilização e reciclagem, o que poderá estimular novos modelos de negócios nos próximos anos. Este novo conceito, além de melhorar a competitividade das organizações, poderá também impulsionar a economia em diversos países. Entretanto, muito se tem discutido sobre este conceito, mas quase nada sobre a integração da logística e a economia circular. Ora, como se poderá priorizar os fluxos circulares sem a componente logística?

Neste sentido, se integrados, a logística e a economia circular podem trazer um grande contributo para o desenvolvimento sustentável e para encerrar o ciclo dos sistemas produtivos.

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